Friday, June 10

Educação sexual

Bom, sei que vou completamente atrasado...mas eu explico. Estou algures na Europa dita de primeira para uma conferência...estou com muita preguiça para escrever e andava a vaguear pela blogosfera....eis se não quando...zás...um post que diz o que eu um dia gostaria de ter dito, mas escrito como eu nunca iria conseguir.
Sou obrigado a plagear uma parte e a fazer o respectivo link:


"Ora, eu não quero que os meus filhos olhem o sexo com a displicência com que se olham as coisas banais, na base da rapidinha entre as aulas de matemática. Quero que, enquanto forem menores de cabeça (ou seja, influenciáveis q.b. e com aquela volubilidade própria de quem tem as hormonas em ebulição e não sabe o que fazer com elas) sejam, na medida do possível, criteriosos e reflectidos nas escolhas que fazem sobre a quem se dão, em que medida o fazem, onde e quando.

Por isso, rejeito liminarmente a possibilidade de meia dúzia de anormais com a sensibilidade de uma viga de betão lhes meterem na cabeça a ideia de que o sexo é uma função fisiológica como as outras, que isto é tudo muita natural e que, bem visto bem visto, até somos animais como os coelhos e assim. Pois não há nada como uma criança atenta e esperta, para retirar as conclusões que mais lhe agradam de uma lição mal-dada.

Eu exijo é que lhes expliquem, aí a partir dos doze, treze, (embora eu o faça em casa, há muitos pais que não o fazem, por incapacidade ou descuido, daí a urgência), como é que se evita a sida e uma gravidez indesejada, como é que se toma a pílula e se põe correctamente um preservativo, e que lhes digam que a pílula diária e a do dia seguinte não são uma e a mesma coisa. Quero que os convençam de que usar um preservativo é cool e bué fixe, que engravidar aos 14 pode significar um desastre de proporções inimagináveis e que, se sentirem atracção por pessoas do mesmo sexo , isso não faz mal nem é motivo de vergonha. Por exemplo.
É claro que também me parece importante transmitir, a talhe de foice, a ideia de que o sexo não é uma coisa suja, mas sim boa e saudável. Não obstante, porque implica o uso do corpo e de emoções fortes (coisas nossas, muito íntimas e pessoais), deve ser feito com alguém de quem se gosta e em quem se confia, e não andar por aí a ser distribuído como rebuçados, uma vez que isso pode pôr em causa (entre outras coisas ) o valor que damos a nós próprios. Ou qualquer outra coisa do género: minimamente sensata, informativa e que não choque cabecinhas impreparadas."
Mar, Vieira do, Controversas Maresias, 2005